Janeiro / 2020
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ÍNDICES DE PROPORCIONALIDADE: AS CLASSIFICAÇÕES DA ESTRUTURA ÓSSEA
INTRODUÇÃO
Dentre os pré-requisitos no fisiculturismo, uma estrutura óssea estética tem sido fundamental nesse esporte. No entanto, devido as análises se resumirem na esfera subjetiva, há a necessidade que propostas quantitativas sejam apresentadas.
A presente matéria visa abordar as análises antropométricas, especificamente os índices de proporcionalidades que são capazes de classificar o arcabouço e demais impactos ósseos, e assim suplantar as sugestões predominantes nesse contexto.
ENTENDENDO AS DEMARCAÇÕES ANATÔMICAS.
Vale ressaltar que antes da coleta, se torna necessário que as demarcações anatômicas sejam realizadas. Nas informações abaixo apresentadas dos diâmetros, alturas e comprimentos ósseos, também são expostas as referências anatômicas:
Diâmetro Biacromial: Trata da distância entre os pontos laterais dos bordos mais superiores dos acrômios.
Diâmetro Iliocristal: Distância entre os pontos da borda superior da crista ilíaca.
Altura Trocantérica (comp. MI): Distância entre a extremidade proximal do trocanter maior e região plantar.
Altura Tronco-cefálica (alt. sentada): Distância entre o plano mais superior da cabeça e o apoio da pelve.
O comprimento Acrômio-radial (comp. do braço): Compreendido pela distância entre a protuberância mais lateral do acrômio e a interlinha umerorradial.
Comprimento Rádio-estiloidal (comp. antebraço): Distância entre a interlinha umerorradial e o ponto estiloidal.
Comprimento mediodactiloidal (comp. da mão): Distância entre o ponto estiloidal e dactiloidal.
Comprimento trocanter-tibial (comp. coxa): Distância entre a extremidade proximal do trocanter maior e a borda proximal da tíbia.
Comprimento Tibial-maleolar (comp. perna): Distância entre a borda proximal da tíbia e o ponto mais distal do maléolo.
ENTENDENDO AS CLASSIFICAÇÕES
Alem das complexidades anatômicas, após o alcance dos saldos, é preciso entender que:
Índice Membro Superior (MS) tendo a classificação Braquibraquial está indicando MS curtos, Mesobraquial p/MS intermediários, Macrobraquial MS longos.
Índice Membro Inferior (MI) tendo o saldo Braquiesquélico, indica MI curtos, Mesosquélico MI intermediários e Macrosquélicos MI longos.
Índice Braquial tendo o saldo Braquípico, antebraços curtos, Mesópico antebraços intermediários e Macrópico antebraços longos.
Índice Córmico quando Braquicórmico relacionado a um Tronco curto, Mesocórmico a um Tronco intermédiário e Macrosquélico e um Tronco longo
Esquelético de Manouvrier sendo o saldo Braquiesquélico relacionado a MI curtos, Mesosquélico a MI intermediários e Macrosquélico apresentando MI longos
Índice Acrômio-ilíaco tendo o saldo apresentando um Tronco Trapezoidal, Intermediário e Retangular.
Índice Intermembral e de Envergadura tendo estimativas médias.
Existindo ainda o Índice Crural, do Braço, Antebraço, Coxa e Perna, tendo a classificação como abaixo da média, média e acima da média.
UM EXEMPLO À LUZ DA ANTROPOMETRIA
Entendemos que sob o respaldo antropométrico, as análises alcançarão o rigor quantitativo, numa precisão que inibe qualquer suspeição e/ou probabilidade de conflitos.
Antropometricamente, como poderei classificar um tronco adequado ao fisiculturismo? Quais os recursos que a antropometria me proporciona?
Apesar da necessária associação e concordância entre vários índices, na alegoria abordaremos o índice acrômio-ilíaco, capaz de classificar a morfologia do tronco, sendo que quanto maior a distância entre os processos mais distais dos acrômios em relação ao diâmetro bi-iliocristal, maior a excelência do aspecto em Y tão exigido nesse esporte.
No registro obtido pelas lentes do fotógrafo Magno Virgínio durante o XXIII Campeonato Paraibano de Fisiculturismo e Fitness, chancelado pela FPCM-F, temos o diâmetro bi-iliocristal utilizado no índice acrômio-ilíaco, onde subtendemos ser a classificação Trapezoidal, o saldo predominante nesse esporte. Contudo, quais seriam os limiares existentes? Algumas perguntas continuam ausentes de respostas em determinadas categorias.
UM DOS MAIORES CONFRONTOS DO OLYMPIA
Inúmeros embates acirrados já foram registrados na história do campeonato de maior prestígio nesse esporte, o tradicional Mr. Olympia, porém a edição de 2014 foi marcada com uma das mais “controvérsias”. Tendo posteriormente até a participação de revistas especializadas que descreveram os critérios que definiram o primeiro do segundo colocado.
Tendo a preferência da torcida, até pela sua história de superação, o culturista Kai Greene se viu no segundo lugar do estimado pódio, apesar da forte comoção apresentada pela torcida no momento do anúncio e posterior repercussão, revistas especializadas na época amenizaram toda polêmica.
Analisando inúmeros pontos morfológicos, as conclusões foram contundentes para o inexorável desfecho, vale ressaltar que as análises, pelas nomenclaturas e posicionamentos que foram apresentados, estavam restritas as observações subjetivas peculiares nesse desporto, reanalisadas em vídeos e registros fotográficos.
Para exemplificar os posicionamentos apresentados, um dos componentes analisados foi o nível de preenchimento muscular do antebraço, onde o segundo colocado apresentou uma estrutura óssea longa e assim comprometendo-o, sendo que os contornos musculares não conseguiram modificar esse quadro.
Subtende-se que pelos relatos, caso uma análise de proporcionalidade fosse realizada, o índice braquial apresentaria desequilíbrio, alcançando o saldo macrópico, definido como um antebraço longo em relação ao braço.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que pelo avanço antropométrico, inúmeros protocolos são disponibilizados hoje a favor do fisiculturismo, possibilitando que as análises subjetivas sejam complementadas por dados quantitativos e assim projetando a modalidade numa nova ótica.
REFERÊNCIAS
DE SOUSA, T.B.C. A utilização do Gerenciador de Planilhas Excel nas práticas Desportivas. Rio de Janeiro: BRAFF, 2019. Disponível em: < https://brasilfisiculturismo.com.br/a-utilizacao-do-gerenciador-de-planilhas-excel-nas-praticas-desportivas/ >. Acessado em: 31 dez. 2019.
Thiago Batista Campos de Sousa
Faculdades Integradas de Patos (FIP) – Patos/PB
Diretor Técnico-Científico da Federação Paraibana de Culturismo, Musculação e Fitness (FPCM-F) – João Pessoa/PB
Diretor Técnico-Científico da Confederação Brasil Fisiculturismo e Fitness (BRAFF) – Rio de Janeiro/RJ