Junho / 2019
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A UTILIZAÇÃO DO GERENCIADOR DE PLANILHAS EXCEL NAS PRÁTICAS DESPORTIVAS
INTRODUÇÃO
Na esfera desportiva, não só as manipulações restritas à prescrição de treinamento que demanda perícia profissional, outras ciências consideradas complexas diretamente interligadas ao sistema como a antropometria, tem demandado conhecimento atualizado e experiência prática. Exigindo daqueles que a manipulam, ainda por cima no país que possui um dos mais incríveis controles das práticas desportivas no mundo.
No Brasil a profissão de treinador é legalmente regulamentada, diplomada por nível universitário e para promoção das práticas desportivas em centros de treinamentos, demanda requisitos de inúmeros órgãos, dentre eles a Anvisa, que impetra as instalações, incluindo as salas de avaliação cineantropométrica.
Considerando que no país, um simples equipamento antropométrico ausente de registro junto a ANVISA, sujeitará aquele estabelecimento às penalidades previstas em lei, se torna necessário não apenas a atuação de um profissional qualificado que manipule protocolos adequados à realidade de cada amostra, mas uma gestão empresarial especializada, capaz de alcançar os requisitos legais vigentes no país.
Contudo, apesar das cobranças legais, há possibilidades de o profissional arquitetar sua própria linha metodológica, em que para esse fim, além de se aperfeiçoar em antropometria, também se capacita em gerenciadores de planilhas. Já outros, até pela própria formalidade que estão implantados, optam pelos softwares elaborados por Ph.Ds, e posteriormente patenteados por empresas especializadas.
O presente trabalho com base na publicação de Lopes (2016), aborda as manipulações de variáveis peculiares do sistema desportivo utilizando o gerenciador de planilhas excel, e assim, relembrando a excelente alternativa para antropometristas e coaches.
O EXCEL NO CAMPO OPERACIONAL DOS TREINADORES DESPORTIVOS
As adaptações descritas por Lopes (2016) utilizando o gerenciador de planilhas excel, alcançaram uma gama de protocolos aplicados em pesquisas com divergentes modalidades desportivas.
Disponibilizado gratuitamente no canal do Youtube, a ferramenta possibilita que seja manipulado e/ou incrementado coerente ao campo operacional, variáveis antropométricas, posturais, motoras, neuromusculares e dos sistemas de treinamentos.
Avaliação Morfológica – A Densidade
Análise da Composição Corporal
No referido planejamento é proporcionado para estimativa da densidade, 9 protocolos (a planilha após o desbloqueio, possibilita 54), 5 para o gênero feminino e 4 p/masculino, posteriormente convertida em gordura corporal (por duas equações também disponibilizadas), sendo esse, um dos mais frequentes recursos aplicados na compreensão da morfologia humana.
Vale frisar que apesar do reduzido número de intervenções com o fisiculturismo, investigações antropométricas vêm sendo realizadas nesse desporto utilizando diversificadas linhas protocolares.
Para a estimativa da densidade corporal, desde a década passada, os achados de Ciryno et al. (2002); Ciryno et al. (2008) apontaram ser os mais frequentes protocolos aplicados nas intervenções, as propostas de Jackson; Pollock (1978 apud CYRINO et al. 2008) para o gênero masculino e posteriores sugestões de Jackson; Pollock; Wand (1980 apud CYRINO et al. 2002) para o feminino.
Fórmula de Jackson; Pollock; Wand (1980 apud CYRINO et al. 2002) para o gênero feminino manipulada no gerenciador de planilhas.
Avaliação Morfológica – Os Índices de Proporcionalidades
Já a estrutura óssea se torna um fator determinante ao tratar do fisiculturismo de alto rendimento, apresentando um forte reflexo na definição do pódio.
Tomando como exemplo, um dos detalhes determinantes na Categoria Open do Olímpia 2014, onde o saldo macrópico do índice braquial, comprometeu o ideal preenchimento muscular do antebraço daquele 2º colocado “mais longos e menos preenchidos, os ANTEBRAÇOS de Greene não parecem tão completos e espetaculares como os de…” (MÁRQUES, 2014. p. 40 apud DE SOUSA, no prelo).
Na pasta “Introdução”, coluna “Tabela”, linha “Proporção Corporal”, aciona 11 Índices de Proporcionalidades.
Etapas
Contudo, existindo casos em que desportistas se sobressaíram diante de um quadro insuficiente “Reg exercitou-se muito para compensar suas proporções esqueléticas relativamente estreitas e obteve enorme desenvolvimento dos ombros. Ele foi o primeiro fisiculturista a realizar o supino reto com 227 kg e isso só foi possível devido ao tamanho e força de seus deltoides frontais” (SCHWARZENEGGER, 2007. p. 29 apud DE SOUSA, no prelo).
Vale frisar que de acordo com De Sousa (no prelo), termos elusivos como tronco, coxas, pernas, braços e antebraços curtos, intermediários ou longos, serão, diante das confirmações e influências das pesquisas, substituídos pelas precisas classificações antropométricas.
Avaliação Morfológica – Análise Perimétrica
Análise Perimétrica
Apesar da perimetria ser bastante aplicada em centros de treinamento, comumente não é correlacionada a outros recursos antropométricos, tornando-se insuficiente para evidenciar aumento ou redução da secção transversa da musculatura, a exemplo da intervenção realizada por Fernandes (2017. p. 18) “Em relação ao valor de média inicial/final do perímetro do braço nos homens, não houve diferença, até diminuiu”.
Posteriormente reconsiderada, decorrente da compreensão da área magra e gorda segmentar “apenas a análise perimétrica não se torna suficiente para uma definição das principais alterações morfológicas segmentares decorrentes dos processos de treinamento, seja na esfera laboratorial, competitiva ou quando aplicada a população comum e/ou clínica” (FERNANDES et al. 2018. p. 61).
Análise da área magra segmentar, possibilitando distinguir com maior precisão as alterações segmentares.
Treinamento – A Iniciação Desportiva
Apesar de frequente em alguns estabelecimentos que tratam da população comum, a DMT (dor muscular tardia) muito compromete a vida dos neófitos, existindo até casos de abandono “prematuro” e inaceitável das práticas desportivas. Contudo, quando o processo de iniciação desportiva alcança o avanço tecnológico, proporciona em qualquer fase do treinamento, que as respostas fisiológicas sejam controladas com segurança e progressão.
Dentre os protocolos manipulados, na coluna “Tabelas”, linha “Período de Adaptação”, harmoniza as cargas iniciais da fase de adaptação, e na etapa posterior, a linha “Processo progressivo do TPM-1 RM”, coerente ao peso corporal, idade e nível de treinabilidade, propicia as cargas iniciais a serem aplicadas no teste de 1RM.
Etapas
Vale lembrar das possibilidades de acordo com as performances iniciais, de ainda introduzir fórmulas dando continuidade ao teste, até o alcance da sua demarcação exata, ou sendo correlacionado a tabela do ensaio de carga submáximo, e assim, alcançar o alto controle numérico característico da periodização desportiva.
Treinamento – Periodização
Em 5min e 07seg do vídeo no Youtube é comentado a manipulação do calendário anual que foi fundamentada na polêmica proposta de periodização do Romeno Tudor Bompa, e também possibilita a estimativa/acompanhamento das alterações morfológicas.
Periodização do treinamento tendo reflexo das alterações morfológicas
Na coluna “Matrícula”, a linha “Calendário de Eventos”, aponta para o nível de importância das competições, referenciada pelo calendário anual da FPCM-F de 2016, proporcionando o planejamento para 5 competições anuais, sendo elas: O Campeonato Estreante, Pessoense, Apolo de Praia, Paraibano e o CA (Campeonato Alvo) Pantera Classic.
Vídeo produzido no Youtube.
Contudo, possibilita que seja adaptada por coaches que preparam suas atletas em outros Estados.
Grau de Importância das Competições
No exemplo adaptado, registrado logo no início do planejamento, temos como o CA (Campeonato Alvo) a competição Mr. Brasil. Sendo esta organizada pela Confederação Brasil Fisiculturismo e Fitness (BRAFF), que presidida por Gustavo Costa, promove anualmente 12 competições no Estado do Rio de Janeiro.
Presidente da Confederação, Gustavo Costa apresentando o Troféu Overall do Mr. Rio
Atualmente as importantes competições do Estado do Rio de Janeiro são: Estreantes Fase 1, Estreantes Fase 2, Copa Caxias, Brisa Fitness, Mr. Macae, Mr. Itaporai, Mr. Rio Fase 1, Mr. Rio Fase 2, Mr. Brasil, Mr. Campos dos Goytacazes, Mr. Zona Oeste, Mr. Petropolis, Mr. Cabo Frio e Champion.
DEMAIS PROTOCOLOS DISPONIBILIZADOS
Somatotipia de Heath Carter
Além do esboço da Avaliação Postural, a planilha disponibiliza para alcance das variáveis morfológicas, a Somatotipia de Heath e Carter, Classificação Tecnicista para o Judô e Grappling pelos Índices de Proporcionalidades e da Somatotipia, Fracionamento da Composição Corporal em 2 e 4 Componentes, analise da Área Magra Segmentar e estimativa das Harmonias Perimétricas. Variáveis funcionais e motoras, pelo teste de Cooper em 12 min., Weltman em 3.200 m, The Lion’s Den, SEAL, Resistencia Anaerobica Alática de 50 m, Margarida, Matsudo 40″, Resistência Muscular Localizada, Resistência Muscular Localizada (Geral) e Força Muscular Dinâmica.
A GRADUAÇÂO QUE HABILITA E A PÓS QUE COMPLEMENTA
De acordo com alguns registros literários que retratam o sistema de ensino superior vigente no país, do mesmo modo que um médico necessita da residência para o complementar na sua área específica, o recém Profissional de Educação Física, requer, tendo base na sólida graduação, o aprimoramento na área de atuação vocacionada.
Vale ressaltar que o sistema de pós-graduação ou de caráter livre disponível no país aprimora em inúmeras peculiaridades do desporto, a exemplo das certificações internacionais (aplicadas no país) da ISAK para antropometristas ou a pós em Bodybuilding Coach que aquilata aqueles já habilitados, a atuarem no fisiculturismo.
CONCLUSÃO
Apesar da aplicação de softwares patenteados por empresas especializadas ser uma das formalidades características dos centros de treinamento, o presente trabalho aborda a utilização do gerenciador de planilhas excel na desenvoltura dos profissionais do desporto, possibilitando que seja arquitetado a própria linha metodológica.
REFERÊNCIAS
CYRINO, E.S.; MAESTÁ, N.; REIS, D.A.; NARDO JUNIOR, N.; MORELLI, M.Y.A.; SANTAREM, J.M.; BURITI, R.C. Perfil antropométrico de culturistas brasileiras de elite. Revista Paulista de Educação Física, v.16, n.1, p.27-34, Jan./Jun. 2002.
CYRINO, E.S.; SOBRINHO, J.M.S.; MAESTÁ, N.; NARDO, JR. N.;REIS, D.A.; MORELLI, M.Y.G.; BURINI, R.C. Perfil Morfológico de Culturistas Brasileiros de Elite em Período Competitivo. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 14, n. 5, p. 460-465, Set./Out. 2008.
DE SOUSA, T.B.C. Intervenção Antropométrica, Somatotípica e Dermatoglífica numa das Campeãs pela Federação Paraibana de Culturismo, Musculação e Fitness. Coleção e Pesquisa em Educação Física. Várzea Paulista. No prelo.
FERNANDES, W.B.T.; DE SOUSA, T.B.C.; RIVERA, G.A.; LIRA, F.A.S. Efeitos do Treinamento Resistido Intervalado sobre Variáveis Antropométricas de Indivíduos Jovens com Sobrepeso. Temas em Saúde, v. 18, n. 1, p. 51-65, 2018.
FERNANDES, W.B.T.; DE SOUSA, T.B.C.; RIVERA, G.A.; LIRA, F.A.S. Efeitos do Treinamento Resistido Intervalado sobre Variáveis Antropométricas de Indivíduos Jovens com Sobrepeso. 2017. 52 f. Monografia (Bacharelado em Educação Física)–Faculdades Integradas de Patos, Patos, 2017.
LOPES, C.M. Planilha de Controle no Planejamento do Treinamento de Musculação. [S.I.]: CAMINHOS DO EMPREGO, 2016. Disponível em: < https://youtu.be/czasM_yXILU >. Acessado em: 07 set. 2019.
Thiago Batista Campos de Sousa
Faculdades Integradas de Patos (FIP) – Patos/PB
Diretor Técnico-Científico da Federação Paraibana de Culturismo, Musculação e Fitness (FPCM-F) – João Pessoa/PB
Diretor Técnico-Científico da Confederação Brasil Fisiculturismo e Fitness (BRAFF) – Rio de Janeiro/RJ