Outubro / 2019
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A HIPNOSE NO CAMPO DESPORTIVO
INTRODUÇÃO
A hipnose tem sido um tema controverso, envolto de inúmeros misticismos que a projetaram a ser de bastante interesse popular, no entanto o fenômeno natural tem sido manipulado com sucesso por profissionais com nível universitário.
Atualmente no Brasil, a medicina, odontologia, psicologia, fisioterapia e recentemente a enfermagem possuem respaldos legais para adaptar o fenômeno em seu campo operacional, sendo o fenômeno uma importante ferramenta coadjuvante.
No entanto para conquista do respaldo legal nessas profissões, foram necessárias inúmeras ocorrências, tendo experimentos que posteriormente favoreceram sua oficialização.
Considerando os processos anteriores que essas profissões enfrentaram, a presente matéria objetiva extrair episódios que interligaram o esporte ao fenômeno hipnótico, ponderando os erros e acertos registrados na literatura desportiva.
A HIPNOSE NO CAMPO DESPORTIVO
Vale frisar que os relatos dos primórdios da manipulação da hipnose (hipnose moderna) no campo desportivo foram cobertos de mistérios, apesar de pouco sabermos a respeito dos psicólogos desportivos da ex-União Soviética, um dos métodos responsáveis pelas altas performances olímpicas era o fenômeno adaptado.
Contudo, nessa mesma época em países capitalistas, a exemplo dos EUA, ocorreu uma série de eventualidades negativas, até que em 1960 a Associação Médica Americana por intermédio da sua comissão para Aspectos Médicos do Esporte, se posicionou contrário à adaptação do fenômeno adaptado para alcance das altas performances desportivas.
Apesar do período controverso, acontecimentos posteriores com o fenômeno modificaram a anterior concepção, tendo como exemplo quando foi aplicado com sucesso para modificar a percepção do pugilista americano Ken Norton.
Durante a preparação de Norton em 1973 para o confronto com o maior pugilista da época, Mohammed Ali, as bolsas de apostas e a própria mídia especializada desmotivaram o pugilista que procurou combater esse quadro por intermédio da hipnose.
Após a vitória de Norton, grande foi à repercussão com relação à adaptação do fenômeno ao desporto, ao ponto do próprio Mohammed introduzir o fenômeno em suas posteriores preparações.
O tema foi apresentado (e aprovado) na modalidade pôster no V ENCONTRO NACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA, ESPORTE E SAÚDE – V ENAFES, promovido pelas Faculdades Integradas de Patos (FIP).
Lembrando que pelo avanço das pesquisas, foi compreendido que a influência mental atuante nas altas performances de atletas olímpicos e mundiais, podia ser manipulada, o que desencadeou a configuração de métodos de treinamentos mentais que alcançaram os planejamentos desportivos de vários países no mundo. Apesar de serem métodos não diretamente ligados ao fenômeno, podem contribuir para seu alcance e/ou ao desenvolvimento da auto-hipnose.
O RISCO DA APLICAÇÃO DO FENÔMENO
Uma década antes das polêmicas conclusões relacionadas ao desporto, o Comitê da Associação Médica Americana reprovou o uso da hipnose no contexto de pura diversão, o que refletiu diretamente na hipnose de palco.
Contudo de acordo com alguns levantamentos, a hipnose de palco ou a street hipnose, não propõe risco para a sociedade, estando à responsabilidade voltada exclusivamente no hipnólogo, sendo os excessos oriundos de operadores desqualificados, ausentes do respaldo científico e ético.
Vale lembrar que em países como nos EUA, os hipnólogos de palco possuem total consciência das suas responsabilidades, sendo comum os contratos de seguro de responsabilidades, a fim de respaldar legalmente as apresentações.
A RESPONSABILIDADE DAS PROFISSÕES QUE MANIPULAM O FENÔMENO NO BRASIL
Apesar de que no Brasil, a única profissão superior capacitada exclusivamente na manipulação das variáveis mentais ser a Psicologia, a hipnose só passou a ser administrada legalmente no campo operacional dos psicólogos em meados dos anos 80.
Já as demais quatro profissões que também se interessaram nos processos de obtenção dos direitos legais de manipularem o fenômeno sutilmente em seu campo operacional, também são profissões diplomadas por nível universitário.
Vale ressaltar que, com intuito de melhor assegurar a sociedade, o sistema de ensino superior no país possui uma estrutura complexa, que logo após o alcance da qualificação, cada profissão é monitorada, submetida a rigorosa fiscalização dos seus respectivos Conselhos.
Deste modo, subtende-se que o profissional de nível superior no país, possui destreza diferenciada e condições de manipular qualquer variável viável (tendo treinamento específico) em seu campo operacional que, sob o rigor dos conselhos, alcança credibilidade e responsabilidade legal para tratar com a sociedade.
A APLICAÇÃO DO FENÔMENO NO DESPORTO POR MEIO DO PSICÓLOGO DESPORTIVO
O Psicólogo com Especialização em Psicologia Desportiva é um dos profissionais que constitui a equipe técnica característica do desporto de alto rendimento, sendo este o responsável pelas configurações mentais aplicadas na preparação, inúmeros métodos são administrados durante o programa.
Vale ressaltar que estrategicamente a hipnose pode ser administrada tendo inúmeros propósitos, contudo sua base no desporto atualmente se resume na eliminação de tensões que caso venham ser ignoradas, fatalmente refletirá no desempenho.
A RESPONSABILIDADE DO PSICÓLOGO DE MANIPULAR O FENÔMENO NO DESPORTO DE ALTO RENDIMENTO
Sob essas circunstâncias, devido ás claras advertências literárias relacionadas à manipulação indiscriminada do fenômeno, caso ocorra qualquer sinistro que venha comprometer tanto a integridade psicológica quanto física do desportista, toda responsabilidade recai sobre esse profissional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A profissão do Professor de Educação Física está restrita ao seu campo operacional, tendo uma breve participação direta nos processos psicológicos. Contudo, o profissional da equipe técnica desportiva com competência suficiente e responsabilidade legal na manipulação dos estímulos mentais, é o Psicólogo com Pós-Graduação em Psicologia do Esporte. Deste modo, entendemos ser este o único capaz de manipular com maestria o fenômeno adaptado.
Thiago Batista Campos de Sousa
Faculdades Integradas de Patos (FIP) – Patos/PB
Diretor Técnico-Científico da Federação Paraibana de Culturismo, Musculação e Fitness (FPCM-F) – João Pessoa/PB
Diretor Técnico-Científico da Confederação Brasil Fisiculturismo e Fitness (BRAFF) – Rio de Janeiro/RJ